Fiquei surpreso, semana passada, ao ler na camisa de um colega na universidade o dito: “-Ser bom é fácil; o difícil é se manter justo.”.
Diz uma antiga parábola que Licurgo, legislador espartano, certa feita foi provocado a realizar um palestra sobre os benefícios da educação. Pedindo um rato de tempo, o velho sábio se preparou para tal palestra.
Passado esse hiato retorna a agoras munido de duas gaiolas. Cada uma um lodos e também carregava dois coelhos nas mãos. Ao libertar o primeiro coelho ele liberta também o primeiro lobo. Imediatamente se dá frenética luta pela vida onde o coelho é implacavelmente devorado pelo lobo. Após guardar o animal ele repete novamente a experiência, desta vez com a segunda besta. A mesma cena de perseguição agita a agoras. Só que desta vez o lobo ao capturar o roedor prazerosamente brinca com sua presa, sem lhe fazer mal algum. Ficava assim demonstrado, brilhantemente, os benefícios da educação. O lobo, adestrado, foi incapaz de seguir seus instintos predatórios e devorar o afortunado leporídeo.
Tal coisa é impressionante na natureza, Skinner e Pavlov à parte, o condicionamento é capaz de fazer mesmo uma besta lupídia ter um comportamento bom e urbanizado aos olhos humanos. Ainda assim, o condicionamento a uma resposta é um processo mental inerente a qualquer criatura na natureza. Já o conceito de justiça, esse postulado de um processo mental mais elaborado, não ocorre de modo tão imediato ao comportamento. Afinal, sobre fria análise, que senso de justiça existe na segunda predação da fábula? E arriscando ir um pouco mais além, onde existe o ponto de intercessão entre os campos da educação, justiça e urbanisidade?